Entre o algoritmo que afunila o mundo e a tendência referencial que assentou arraiais nas novas gerações, as ideias vão encolhendo. Já vem tudo pré-cozinhado, hidrogenado, mastigado… Qual foi a última coisa verdadeiramente genial e nova que viram? Posso vos dizer que o momento da semana (do mês? Do ano, so far?) pertence, com vénia incluída, ao lançamento da colaboração de Simon Miller X Mango, apresentada no fundo de uma pedreira em Menorca. Numa só palavra, espectacular!
Que maravilha ver uma coisa que nos faz dizer wow!, baixinho ou em voz alta, e mostrá-la a toda a gente que, por sua vez, diz também o seu wow!. Como é que vamos deixando de querer isto para a nossa vida? Pois não sei!
Da Mango e do seu #mangosummerclub, salto para Nova York, Kenzo e 2019. Porque não? O fio condutor destes dois pontos aparentemente tão distantes é, simplesmente, a frescura de uma ideia – nem tudo tem que ser genial, pode apenas (e isso já é tanto, aos dias de hoje) ser singular, próprio.
Candice + Jay casaram em Nova York e fizeram dos clichés clássicos da cidade a sua própria narrativa e memórias. Começaram pela cerimónia civil no City Hall, almoço de pastrami para o seu pequeno grupo de trinta amigos e familiares na conhecida Katz’s Deli, jantar de pasta no dia seguinte, num dos restaurantes italianos da moda e fim de festa num karaoke coreano até às 4h da madrugada.
No dia, a noiva escolheu um fato de casaco e calças azul Kenzo e juntou um véu curto. No dia seguinte, ao jantar, vestiu um vestidaço de tule vermelho Carolina Herrera. O noivo vestiu um fato e depois um tuxedo, ambos ajustados na perfeição às suas especificidades.
Resumindo, o charme está mesmo na apropriação – no melhor dos sentidos – dos códigos sociais, moldando-os à nossa identidade, forma de ser, história, vivência e alma. Sim, é um casamento, sim, inclui a parte burocrática e legal, sim, inclui a família e os amigos, sim, inclui um casal muito bem vestido, sim, inclui refeição, pista de dança, flores, fotógrafo e DJ.
E é absolutamente singular e especifico destas duas pessoas, não se parece com mais nada, porque é deles, mas em simultâneo é obviamente um casamento porque vemos aqui todos esses mesmos códigos. Não é tão fixe?
Eu casava-me assim!